As loterias sempre fizeram parte da tradição social e do entretenimento, oferecendo a possibilidade de transformar um pequeno investimento num grande prémio. No entanto, em 2025, o perfil demográfico dos participantes está a mudar rapidamente. As transformações sociais, o avanço tecnológico e as novas atitudes em relação ao risco e ao dinheiro redefiniram quem joga, com que frequência e porquê. Compreender estas tendências revela não só o lado económico das loterias, mas também a sua relevância cultural num contexto geracional renovado.
Durante a última década, pesquisas na Europa e na América do Norte mostram que o jogador médio das loterias está a envelhecer. Dados de 2024 da YouGov e da Statista indicam que pessoas entre 45 e 65 anos representam mais de 55% dos compradores regulares de bilhetes, enquanto a participação entre menores de 30 anos caiu para menos de 20%. Isso mostra que o apelo tradicional das loterias é mais forte entre gerações que associam o jogo a hábitos sociais formados antes do domínio do entretenimento digital.
Os Millennials e a Geração Z, por outro lado, mostram menos interesse em sorteios tradicionais. As suas preferências concentram-se em formatos de ganhos instantâneos e jogos digitais com resultados rápidos e experiências interativas. Por isso, muitas loterias nacionais têm investido em aplicações móveis, pagamentos digitais e sistemas gamificados para manter a relevância junto dos públicos mais jovens.
Apesar da diminuição da participação entre as gerações mais novas, observa-se um aumento temporário do interesse durante sorteios com prémios elevados. O crescimento nas vendas de bilhetes em eventos como o EuroMillions ou o Powerball mostra que os jovens continuam atraídos por oportunidades extraordinárias, mas preferem jogar ocasionalmente em vez de o fazer de forma regular.
Segundo o relatório de 2025 da World Lottery Association, a idade média dos jogadores frequentes subiu para 47 anos em todo o mundo. Em países como o Reino Unido e a Alemanha, pessoas com mais de 55 anos representam mais de 60% da receita anual das loterias. Essa tendência reflete o envelhecimento populacional e o maior poder de compra entre os adultos mais velhos.
Em contrapartida, nas regiões em desenvolvimento, como o Sudeste Asiático e a América Latina, a participação entre jovens adultos permanece elevada. Nestes mercados, as loterias estão muitas vezes ligadas a projetos comunitários e fundos públicos, o que reforça a sua aceitação social. Isso demonstra como as perceções culturais influenciam o envolvimento entre gerações.
Especialistas preveem que, até 2030, a transformação digital e novos formatos de jogo serão cruciais para manter as receitas. Sem atrair as gerações mais novas através de experiências personalizadas e mecanismos transparentes, os sorteios tradicionais podem enfrentar estagnação, mesmo com um mercado global estável.
A estabilidade económica desempenha um papel central na participação. Em períodos de inflação ou de estagnação salarial, as vendas de bilhetes tendem a aumentar entre grupos de rendimento médio e baixo. O relatório de 2025 da OCDE confirma que as loterias são frequentemente vistas como uma forma de escape acessível durante tempos de incerteza, apesar das baixas probabilidades de vitória.
No entanto, a Geração Z mostra uma abordagem mais racional em relação ao risco financeiro. Muitos preferem investir pequenas quantias em criptomoedas ou aplicações de poupança em vez de comprar bilhetes de loteria. Esse comportamento reflete uma maior consciência financeira e o acesso a ferramentas que não existiam para gerações anteriores.
Por outro lado, profissionais de maior rendimento demonstram interesse crescente em loterias beneficentes e sorteios solidários. Estes formatos unem o entretenimento ao propósito social, atraindo especialmente os Millennials, que valorizam o impacto ético das suas escolhas.
De acordo com dados da H2 Gambling Capital, as loterias representam cerca de 26% das receitas globais de jogo em 2025, uma ligeira queda em relação aos 30% de cinco anos atrás. Essa diminuição coincide com o crescimento das apostas desportivas e dos jogos instantâneos online, mais populares entre os jovens.
No Reino Unido, a National Lottery indica um gasto médio mensal de £11,80 por participante, comparado a £14,50 em 2018. Curiosamente, 70% dos jogadores afirmam que jogam “por entretenimento e hábito”, e não apenas pela expectativa de lucro. Isso mostra um vínculo emocional com o ato de jogar, mais do que uma busca racional por ganhos.
Além disso, o envolvimento digital diversificou a base de jogadores. As compras por telemóvel já representam mais de 45% do total, evidenciando que a conveniência continua a ser um fator determinante para manter o interesse, mesmo com mudanças demográficas.

Os valores sociais contemporâneos influenciam fortemente a perceção das loterias. As gerações mais novas tendem a questionar a transparência e os aspetos éticos dos jogos. Por isso, operadores nacionais estão a investir em campanhas de jogo responsável e em sistemas de dados abertos que mostram claramente como os fundos são utilizados.
As redes sociais também desempenham um papel essencial na formação de opiniões. Histórias virais de grandes vencedores e colaborações com influenciadores reavivam o interesse temporário entre públicos digitais. No entanto, críticos observam que esse entusiasmo não substitui a ligação comunitária associada aos sorteios presenciais das gerações mais velhas.
Em 2025, os analistas preveem que modelos híbridos dominarão o setor — combinando sorteios tradicionais com experiências digitais e elementos de gamificação social. Estas inovações procuram equilibrar a nostalgia com a conveniência moderna, garantindo que as loterias continuem relevantes para diferentes faixas etárias.
O futuro das loterias depende da capacidade de adaptação. As operadoras que compreenderem as expectativas geracionais e adotarem tecnologia sem perder a credibilidade terão maior sucesso. Ferramentas de análise de dados e personalização de experiências serão fundamentais para manter o envolvimento do público.
Além disso, a introdução da tecnologia blockchain e sistemas de verificação digital reforçará a confiança dos consumidores — especialmente entre a Geração Z, que valoriza autenticidade e segurança em todas as transações financeiras. Sistemas auditáveis publicamente podem redefinir o conceito de justiça nos sorteios.
No final, o sucesso do setor lotérico depende do equilíbrio entre tradição e inovação. Enquanto as gerações mais velhas mantêm a fidelidade por hábito e nostalgia, os mais jovens exigem interatividade e propósito social. Conciliar esses dois mundos determinará se as loterias continuarão a prosperar ou se tornarão apenas uma lembrança do passado.